Cebolinha nos Acréscimos, Alma nos Pés”: Flamengo evita vexame e arranca empate suado contra o LAFC

Publicado em 25 de junho de 2025
Cebolinha nos Acréscimos, Alma nos Pés”: Flamengo evita vexame e arranca empate suado contra o LAFC
Foto: Divulgação X / @Flamengo

Orlando (EUA), 24 de junho de 2025 – Mundial de Clubes

Na noite abafada da Flórida, o Flamengo entrou em campo já classificado, mas saiu do gramado como se tivesse acabado de sobreviver a uma tempestade. Contra um Los Angeles FC já eliminado e jogando por orgulho, o empate em 1 a 1 teve gosto agridoce — não pela tabela, mas pela forma. Foi um jogo de nervos, vaidade ferida e um último suspiro encarnado em Everton Cebolinha, herói tardio de uma noite que quase terminou em humilhação.


Quando o futebol ensina humildade

A postura do Flamengo nos primeiros 45 minutos parecia de quem já dava a vitória como certa. Toques displicentes, sorrisos irônicos, e uma torcida que cantava mais pelo nome do que pela bola. Do outro lado, o LAFC, ferido em sua honra após derrotas amargas, parecia jogar como quem segura o último fio de dignidade.

E foi exatamente nesse contraste que o drama nasceu.

Aos 85 minutos, Wallace Yan — uma flecha envenenada nos contra-ataques — recebeu em velocidade, cortou David Luiz como quem rasga papel e tocou por cima do estreante Hugo Lloris, que ficou no chão com os olhos abertos, paralisado, encarando o travessão como se perguntasse ao universo: “Era isso o combinado?”

O estádio explodiu em euforia. Não pelos três pontos — que já não valiam nada para os americanos — mas pelo soco de realidade aplicado no gigante sul-americano.


Resgate nos acréscimos

O Flamengo, até então morno, despertou. O grito de Filipe Luís à beira do campo foi quase um rugido: “Acorda, porra! Joga o que vocês sabem jogar!”

E o time ouviu.

Aos 89’, Arrascaeta, sumido até ali, levantou a cabeça e, com um passe cirúrgico, encontrou Everton Cebolinha na entrada da área. O atacante dominou, girou, hesitou por uma fração — tempo suficiente para a torcida prender a respiração — e chutou firme, no canto, sem chance para o goleiro Crépeau.

Cebolinha não correu para a torcida. Apenas caiu de joelhos e cobriu o rosto. Era um grito abafado. Não de alegria. De alívio.


Vozes do campo

Everton Cebolinha, emocionado:
“Eu sei que não fiz um grande jogo… mas às vezes, um momento basta. A gente não pode esquecer que do outro lado também tem camisa, tem alma.”

Wallace Yan, LAFC:
“A gente sabia que ninguém acreditava mais na gente. Mas o que fizemos hoje foi digno. Saímos com a cabeça em pé.”

Filipe Luís, técnico do Flamengo:
“Futebol pune quem brinca. A gente quase pagou caro. Que sirva de lição.”


Do lado de fora

Na arquibancada, o torcedor rubro-negro Leandro batia no peito, ainda ofegante:

“Esse time mata a gente. A gente já tava combinando churrasco e veio esse susto. Mas é isso: Flamengo é emoção até o último segundo.”

Do outro lado, uma torcedora americana sorria, com lágrimas nos olhos:

*“Foi nosso melhor jogo. Hoje jogamos como campeões, mesmo sem a taça.”


Conclusão

O empate garantiu o Flamengo nas oitavas, sim. Mas expôs rachaduras. A altivez de quem se sentia favorito por camisa quase virou tragédia. A redenção veio de um chute, de um jogador que não vinha brilhando, mas teve coragem. E, no futebol, coragem às vezes vale mais que qualquer tática.

Flamengo sai de Orlando classificado. Mas com lição tatuada na pele: Mundial não perdoa salto alto. E camisa, por mais pesada que seja, não ganha sozinha.

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