McLaren Domina, Red Bull Afunda e Bortoleto Faz História na Áustria

Publicado em 29 de junho de 2025
McLaren Domina, Red Bull Afunda e Bortoleto Faz História na Áustria

No coração das montanhas da Estíria, o Grande Prêmio da Áustria de 2025 se transformou em um divisor de águas para a temporada da Fórmula 1. O que começou com expectativa, terminou com reviravoltas, consagrações, frustrações e o renascimento de uma nação apaixonada pelo automobilismo. Mais do que apenas uma corrida, Spielberg entregou um espetáculo dramático que mexeu com pilotos, equipes e torcedores ao redor do mundo — especialmente os brasileiros, que vibraram com o primeiro pontinho verde e amarelo na elite do esporte desde 2017.

A McLaren confirmou sua fase avassaladora com uma dobradinha impecável, Lando Norris venceu após uma batalha de alto nível com Oscar Piastri, e Gabriel Bortoleto conquistou seus primeiros pontos na categoria com uma performance segura, madura e emocionante. Enquanto isso, a Red Bull afundava em crise justamente em casa, abandonando qualquer vestígio de favoritismo com mais um final de semana para esquecer.

O início: drama antes mesmo da largada

A tensão começou cedo. Na volta de formação, o carro de Carlos Sainz pegou fogo, forçando o espanhol da Williams a abandonar antes mesmo de alinhar no grid. O incidente atrasou a largada em quase 20 minutos, acrescentando mais nervosismo a um dia já cercado de expectativas.

E o caos só começava. Logo na terceira curva da primeira volta, Max Verstappen, esperança da Red Bull diante de sua torcida, teve a corrida encerrada abruptamente após ser acertado pelo novato Kimi Antonelli. O jovem da Mercedes errou o ponto de frenagem e colidiu violentamente com o RB21 do holandês. Ambos abandonaram imediatamente, e o Safety Car foi acionado.

O fim precoce de Verstappen não foi apenas um desastre pessoal; foi simbólico. Representou a queda de uma equipe que, até recentemente, parecia imbatível. Em 2025, no entanto, a Red Bull tem lutado contra um carro instável, sensível às variações de pista e que, no Red Bull Ring — irônico e cruelmente — não conseguiu competir.

A guerra civil laranja: McLaren domina e emociona

Sem Verstappen no páreo, a corrida logo se tornou um espetáculo exclusivo da McLaren. Lando Norris e Oscar Piastri, que já vinham dominando o campeonato, travaram uma das batalhas mais emocionantes da temporada. Piastri largou melhor, passou Charles Leclerc logo na primeira curva e colou em Norris ainda na primeira volta.

O que se seguiu foi um duelo de altíssimo nível técnico e psicológico. Os dois dividiram curvas com coragem e respeito, trocaram posições e quase se tocaram em mais de uma ocasião. Piastri chegou a assumir a ponta por alguns metros, mas Norris, experiente e cada vez mais frio sob pressão, retomou a liderança com uma manobra digna de replay.

A decisão veio nos boxes. Com estratégias espelhadas, Norris foi chamado primeiro e executou um undercut cirúrgico. Voltou à frente do companheiro e, com pista limpa, consolidou a vantagem. Apesar de um problema no bico dianteiro nas últimas voltas, o britânico segurou a pressão e cruzou a linha de chegada com pouco menos de três segundos de vantagem para Piastri.

Foi sua terceira vitória no ano, a mais suada e, talvez, a mais simbólica. A McLaren agora lidera confortavelmente o Mundial de Construtores, e o campeonato de pilotos virou uma batalha doméstica. Com os abandonos de Verstappen, é entre Norris e Piastri que o título será decidido — uma guerra fria travada dentro dos boxes da mesma equipe.

Bortoleto brilha e resgata o orgulho brasileiro

Se a McLaren teve seu dia de glória, o momento mais emocionante ficou reservado para o pelotão intermediário. Gabriel Bortoleto, estreante brasileiro da Sauber, largou em oitavo e terminou na mesma posição — mas a história por trás disso vale muito mais do que os quatro pontos conquistados.

Com uma pilotagem limpa, estratégica e incrivelmente madura, o jovem de 19 anos se manteve fora do caos inicial, economizou pneus, aproveitou os momentos certos para atacar e, no fim, protagonizou um duelo eletrizante com ninguém menos que Fernando Alonso. O experiente espanhol chegou a perder a posição para Bortoleto na penúltima volta, mas deu o troco logo em seguida. Mesmo assim, o brasileiro não se intimidou, pressionou até a última curva e cruzou em oitavo, recebendo aplausos de toda a equipe Sauber nos boxes.

Foi o primeiro brasileiro a pontuar na F1 desde Felipe Massa em Abu Dhabi, 2017. Mais do que isso, foi um marco simbólico. Um garoto, em sua temporada de estreia, mostrou que pode carregar o peso de um país e ainda entregar performance de gente grande. Foi eleito "Piloto do Dia" pelos fãs, coroando um final de semana que vai entrar para a história.

Ferrari e Mercedes: regulares, mas insuficientes

Charles Leclerc completou o pódio com uma atuação sólida, mas sem brilho. A Ferrari mostrou consistência, colocando também Lewis Hamilton em quarto, mas não teve ritmo para brigar com a McLaren. Já a Mercedes viveu uma montanha-russa: Russell salvou um bom quinto lugar, enquanto Antonelli, com o erro na primeira volta, colocou um ponto de interrogação sobre sua capacidade de se manter competitivo sob pressão.

Novo cenário do campeonato

Com os resultados da Áustria, Oscar Piastri segue na liderança do campeonato com 216 pontos, seguido de perto por Lando Norris com 201. Max Verstappen, agora distante, caiu para 155 — uma diferença que começa a parecer intransponível. No Mundial de Construtores, a McLaren abriu vantagem: 417 pontos contra 210 da Ferrari.

A Red Bull, que começou a temporada como favorita, agora é apenas a quarta força, com 165. Uma virada impressionante, digna dos melhores roteiros do esporte.

O que vem pela frente

O circo da Fórmula 1 agora segue para Silverstone, casa de Norris e da McLaren. O cenário está armado para um novo capítulo dessa batalha interna. Será que Oscar Piastri devolverá o golpe? Conseguirá a Ferrari reagir? E o Brasil, verá Bortoleto subir mais um degrau?

Uma coisa é certa: depois do que vimos na Áustria, ninguém duvida que 2025 entrou no modo história.

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